Senado Federal: uma ‘Câmara Alta’ sem estatura q50o
Por Cristiano Caporezzo 1b5r5f

Caríssimos leitores da prestigiada Folha da Mata, símbolo do jornalismo qualificado das nossas Minas Gerais, reflitam comigo: durante muito tempo, o Senado Federal foi chamado de "Câmara Alta" não apenas por sua posição constitucional, mas por representar o ápice da responsabilidade política, a casa dos mais experientes, dos guardiões da República. Era ali que a serenidade deveria equilibrar os arroubos da Câmara dos Deputados, era ali que o juízo deveria reinar sobre a demagogia barata, que a prudência deveria calar a teatralidade política.
Mas olhemos ao redor, com a honestidade que o momento exige: o Senado de hoje é digno desse nome? É esta a "Câmara Alta"? Ou já se rebaixou a um mero balcão de negócios, um teatro de vaidades, um monumento à omissão mais covarde? A verdade é dura, mas libertadora, pois somente a partir dela poderemos trilhar novos caminhos: o Senado Federal nunca esteve tão decadente.
Não basta ostentar boas intenções em discursos vazios enquanto se vende a consciência ao melhor interesse do dia. O que se vê é uma maioria de senadores que esqueceram que foram eleitos para defender a Constituição, proteger a liberdade e guardar os valores que sustentam nossa civilização. Valores eternos como a honra, a responsabilidade, a fé, a luta pela liberdade, a justiça e a verdade. Virtudes conservadoras que, como ensinava Olavo de Carvalho, são o que restam quando se desiste de modismos e se volta à realidade.
Hoje, são raras as exceções ali, que demonstram senso de dever. Poucos se comportam como servidores da Pátria, a maioria age como se fossem os donos dela. Não prestam contas ao povo, mas sim, a seus financiadores, partidos, ou interesses escusos. Não honram a confiança do eleitor, mas a confiança do sistema sujo que os protege. Esqueceram que a política é, antes de tudo, um ato moral e não uma profissão para acumular influência, foro privilegiado e mordomias.
Winston Churchill, que enfrentou o caos da segunda guerra com grande coragem, dizia que "o preço da grandeza é a responsabilidade". Nosso Senado deveria ser um espaço de grandeza, mas fugiu à responsabilidade. Tornou-se pequeno. E quando uma instituição grande se torna pequena, arrasta consigo a esperança de uma nação inteira. Quem poderia imaginar interferências tão grotescas do poder judiciário dentro do legislativo. Vivemos o extremo de ministros do supremo determinarem o que o legislativo não deve votar a anistia dos presos políticos do 8 de janeiro, mas que eles aceitam uma votação para redução de penas. Aceitar? O Senado de antigamente nem sequer reagiria a uma interferência tão absurda, pelo simples fato de que jamais isso sequer aconteceria!
Mas nem tudo está perdido. O Brasil ainda pulsa no coração dos justos. O povo brasileiro sofrido, mas resistente ainda tem sede de dignidade. E o Senado, se quiser voltar a ser digno desse nome, precisará renascer de seus escombros morais. Precisará abrigar homens de coragem e resilientes, prontos para arregaçar as mangas e fazer o que precisa ser feito, que tenham em si princípios e valores e caminhe com fé, esperança e verdadeiro senso de justiça para lidar com os desafios que o cargo apresenta. O Senado precisa urgentemente deixar de ser um palco de conveniências para ser novamente uma fortaleza do dever e da verdade, uma verdadeira muralha contra o oportunismo político!
E, nesse sentido, Minas Gerais está em dívida com o Brasil. Já que foi na presidência de um mineiro que, recentemente, o Senado enfrentou a sua maior crise de fraqueza e omissão covarde. Como dizia o reverendo norte-americano, Martin Luther King, o que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons.
O Senado precisa voltar a ser a “Câmara Alta”, inclusive terminologia “Alta” significa “elevada”, sem seu sinônimo direto. Portanto, penso eu, a representação do povo com o mais dedicado cumprimento dos valores que pertencem a brasileiros que, felizmente, tenho o prazer de conviver: a honestidade, a dignidade, a lealdade, o valor ir da palavra dada e, por fim, o que o latim chama de “agir com o coração”: a coragem. E acrescento que, embora o latim seja verídico e encantador em sua definição, ser corajoso é, na arena da política atual, ter “sangue nos olhos”, como no ditado popular mesmo, para que não exista sangue nas ruas, na economia, na qualidade da saúde brasileira; enfim, para que os direitos básicos da nossa constituição não entrem em hemorragia. Lembrem-se de que a autoestrada para o inferno é pavimentada por boas intenções. Logo, não basta a intenção ser boa, é necessário ter certeza de que uma vez adotada uma política pública, de fato ela atenderá plenamente o propósito ao qual se destina.
O Senado deve ser a barreira que protege o povo da tirania, não o canal por onde ela escorre! É preciso que volte a ser o lugar dos vigilantes da liberdade e não o reduto dos cúmplices do silêncio. Estamos fartos de políticos que se dizem "do povo", mas não compreendem que a alma de uma nação está nos valores que a sustentam. Que surjam, pois, homens para ocupar esta cadeira tão importante para a nossa nação, que se lembrem de que a verdadeira grandeza está em servir. O Brasil merece uma Câmara Alta que esteja, de fato, à altura de seu povo. E isso só será possível quando a política voltar a ser uma missão e não uma moeda de troca, um balcão sujo de negócios.
O Senado ainda pode se reencontrar com sua missão, mas isso exigirá coragem, moral e ética elevadas a valores sólidos e inquebráveis. O Brasil não precisa de salvadores; precisa de homens dispostos a servir com integridade, porque no fim, como dizia o presidente Ronald Reagan, "se não formos nós, quem? Se não for agora, quando?".
Cristiano Caporezzo é um político conservador do PL de Minas Gerais, servindo atualmente como Deputado Estadual. Defensor dos valores cristãos, ele também é Policial Militar, advogado e escritor.
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